quinta-feira, 20 de novembro de 2025

Já sentiu a falta de um documento?

Já sentiu a falta de um documento? Na hora H precisou dele e não localizou? Com certeza teve algum prejuízo com essa falta.

No Blog da Mrh Arquivos, falamos a respeito, acesse e confira!

A Falta que um documento faz



domingo, 16 de novembro de 2025

Sessão solene com Dom Bertrand

Foi na quinta-feira 13/11/2025 a sessão solene na Câmara Municipal de Fortaleza em homenagem ao bicentenário de D. Pedro II. A sessão contou com a presença do representante da Casa Imperial do Brasil, Dom Bertrand de Orléans e Bragança, herdeiro do trono, que recebeu o título de Cidadão de Fortaleza.



Fotos feitas diretamente da tela da TV Câmara

Principais detalhes da sessão

Homenageado: Dom Bertrand de Orléans-Bragança, que é o chefe do ramo Vassouras da Casa de Orléans-Bragança e um dos pretendentes ao extinto trono brasileiro.

Concessão do título: A aprovação ocorreu em 15 de outubro de 2025 pelos vereadores de Fortaleza.

Cerimônia de entrega: A solenidade de entrega do título ocorreu em 13 de novembro de 2025, em comemoração ao bicentenário de Dom Pedro II.

Motivação: A homenagem foi proposta pelo vereador Jorge Pinheiro e busca reconhecer o vínculo histórico e intelectual do príncipe com a cidade, além de celebrar a memória e o legado de Dom Pedro II.

Iniciativa louvável tendo em vista a pessoa que foi o Imperador e todos os feitos por ele realizados, em particular, aqueles que beneficiaram o Ceará:

  • construção da Estrada de Ferro de Baturité;
  • construção do Açude do Cedro, a primeira grande obra hidráulica moderna do continente, iniciada para combater a seca;
  • expedição científica no sertão para estudar as mazelas da região;
  • projeto de iluminação pública de Fortaleza.

sábado, 15 de novembro de 2025

Plebiscito tardio

Plebiscito tardio, é o que considero para aquele que ocorreu em 1993. Aqui, o ditado "Antes tarde do que nunca" não vale. Mas, por que? Exatamente porque a consulta foi tardia, em outro contexto, outras pessoas decidiram em outra época,  em outro século, com novos pensamentos, novos conceitos, nova leitura da sociedade. 

Historiadores são unânimes em considerar um golpe a Proclamação da República. Foi um movimento militar (um golpe de Estado) e não um processo democrático com participação popular. A mudança de regime foi articulada por elites políticas e militares insatisfeitas, sem consulta prévia à população.

O movimento militar foi liderado pelo marechal Manuel Deodoro da Fonsecaculminando em 15 de novembro de 1889 com a destituição do então chefe de Estado, o imperador D. Pedro II, que seguiu para o exílio com toda a família dois dias depois.

O plebiscito sobre a forma de governo (monarquia ou república) poderia ter ocorrido após o golpe, para ratificar a república, ou talvez até refutá-la. Sabe-se lá o que se passava na cabeça do povo daquele século, de repente, se tivesse ocorrido, estaríamos hoje ainda em uma monarquia, com Dom Bertrand de Orléans e Bragança, reinando de fato e de direito a Casa Imperial do Brasil.

Portanto, eu considero um segundo golpe, a falta do plebiscito à época. Mas, já que estamos nessa república há quase um século e meio, que melhore, que seja mais povo e menos interesses escusos.

Penso que uma república é considerada boa quando se baseia em princípios fundamentais como a soberania popular, a gestão da coisa pública para o bem comum e a responsabilidade dos governantes, afinal, República, é "coisa pública." 

domingo, 9 de novembro de 2025

Orçamento para biblioteca

Orçamento para bilioteca, coisa difícil de existir, arrisco até a dizer, rara de ocorrer em certas instituições. Geralmente, os recursos vêm da entidade mantenedora ou daquela a que está diretamente subordinada, ou seja, não há autonomia.

O ideal é realmente definir um orçamento mensal por menor que seja, dessa forma o acervo cresce bem atualizado. Foi isso que fiz quando assumi a biblioteca do então Banco do Estado do Ceará, ainda na década de 80, atualizando as instruções de serviço (IS 22-Biblioteca), que passou a estabeler um salário mínimo mensal para compra de livros, a partir de então. 

Mas, se não há um orçamento definido na instituição (na maioria das bibliotecas é assim), pelo menos as verbas resultantes das multas aplicadas pela devolução em atraso podem ser adotadas como uma pequena verba mensal para este fim, afinal são recursos que ela mesma gerou decorrentes de sua atividade. Foi o que fiz na Biblioteca da Faculdade CDL, em 2018, que, inclusive, passou a constar como item no Plano de contingência do acervo.


Vamos considerar a existência de um orçamento próprio, para falar de como deve ser a sua gestão. A preparação do orçamento para a compra de livros é uma atividade estratégica na gestão de uma biblioteca. Para garantir que seja eficiente e alinhado às necessidades do acervo e dos usuários, deve-se seguir uma série de atitudes e procedimentos. Aqui está um guia com os passos essenciais.

I. Planejamento, com a revisão da Política de Desenvolvimento de Coleções (PDC):

  • ​garanta que o orçamento reflita as diretrizes e prioridades estabelecidas na PDC da biblioteca (áreas temáticas, tipos de material, nível de profundidade, idiomas, etc.);
  • analise as necessidades do acervo e usuários, tomando como base os dados concretos, não apenas as suposições;
  • levante as sugestões, reunindo e analisando as demandas de compra da comunidade (professores, alunos, pesquisadores, público em geral);
  • analise o uso, verificando estatísticas de empréstimo e consulta para identificar áreas de alta demanda (que precisam de mais exemplares) e áreas deficientes;
  • verifique a questão da obsolescência e danos, identificando os títulos desatualizados ou em mau estado que precisam ser substituídos ou comprados em nova edição;
  • considere as bibliografias dos cursos, básicas e complementares (se for uma biblioteca acadêmica), seguindo as diretrizes e normas institucionais e regulatórias do MEC;
  • seja realista, priorize as compras essenciais, tais como material didático obrigatório, obras de referência, títulos de alta demanda);
  • classifique os pedidos e as áreas em níveis de prioridade (alta, média, baixa) para garantir que os recursos limitados sejam gastos nas necessidades mais urgentes.

​II. Procedimentos de cálculo e orçamento, com uma pesquisa e cotação de preços, para ter uma estimativa de custo:

  • busque a melhor relação custo-benefício e transparência;
  • faça pesquisa de mercado com a cotação de preços dos títulos prioritários em pelo menos três fontes (livrarias, editoras e fornecedores especializados), para obter uma estimativa de preço justo e real.
  • avalie a possibilidade de descontos para grandes volumes ou aquisição direta com editoras.
  • lembre-se que pode haver custos adicionais, inclua no orçamento custos como frete, impostos (se aplicável), e possíveis taxas de processamento técnico (se terceirizado);
  • distribua os recursos de forma equilibrada, locação por área/disciplina;
  • divida o orçamento total em categorias (Ex: Ciências Humanas, Exatas, Literatura, Referência, etc.) com base na análise de necessidades e prioridades da instituição;
  • mantenha uma pequena reserva orçamentária para a compra de lançamentos importantes ou títulos solicitados após o fechamento do orçamento;
  • documente todo o processo para fins de prestação de contas e futura referência;
  • elabore uma planilha detalhada, listando os títulos/categorias, a quantidade de exemplares, o preço unitário estimado e o valor total por área;
  • redija um documento formal justificando a alocação de recursos, destacando as prioridades e a conformidade com a PDC e os requisitos institucionais (Ex: atendimento à bibliografia básica de um curso).

III. Procedimentos para a aquisição, após a aprovação do orçamento, segue o processo de compra por licitação ou compra direta:

  • s​iga rigorosamente as normas de contratação da sua instituição (especialmente se for uma entidade pública);
  • definina a modalidade, verificando se a compra deve ser feita por meio de licitação, (geralmente para grandes volumes), seguindo a Lei Federal nº 14.133/2021) ou por dispensa de licitação, no caso de valores abaixo do teto, por intermédio de compra direta, junto ao fornecedor que oferecer menor preço;
  • elabore ou forneça subsídios para o Termo de Referência, especificando claramente o objeto (título dos livros, incluindo ISBN, autores, edição, encadernação, etc.), o valor estimado e os prazos de entrega;
  • formalize a compra após a conclusão do processo licitatório ou de dispensa, garantindo a reserva orçamentária;
  • monitore os prazos de entrega e verifique a conformidade do material com o pedido, conferindo os títulos, edições, quantidades e estado físico (sem defeitos de impressão/encadernação) estão corretos;
  • confirme se os valores da nota fiscal correspondem aos valores orçados e empenhados;
  • encaminhe as publicações para o processamento técnico.
IV. Registro patrimonial, com a catalogação, classificação, etiquetagem e tombamento, introduzindo as publicações adquiridas ao acervo da biblioteca. 

​Seguindo essas etapas, você terá um processo de compra de livros transparente, bem fundamentado e que maximiza o impacto do seu orçamento na qualidade do acervo da biblioteca.

sábado, 8 de novembro de 2025

O Ciclo de vida dos documentos

Os documentos têm vida, eles podem ter vida até a terceira idade, no entanto, alguns já morrem na primeira, outros chegam até a segunda (maioria), mas não alcançam a terceira, e há aqueles que chegam à terceira e lá permanecem. Entenda o porquê de tudo isso, acessando o e-book "O Ciclo de vida dos documentos", que elaborei para o site da Mrh Arquivos.

domingo, 2 de novembro de 2025

Inovação em bibliotecas: adaptação contínua




A inovação em bibliotecas é um processo contínuo e intrinsecamente ligado ao contexto social, tecnológico e cultural de cada época, portanto, de adaptação. As transformações não visam apenas modernizar, mas garantir que a biblioteca cumpra seu papel essencial de promover o acesso ao conhecimento e à informação, adaptando-se às necessidades de seus usuários.

A biblioteca, como instituição milenar, sempre inovou para permanecer relevante e se manter na rotina das pessoas. Como sabemos, a inovação não é um evento isolado, mas uma cultura de adaptação e melhoria, manifestada em diferentes níveis (serviços, processos, espaços e tecnologia) e pode ser radical ou incrementais. A inovação nas bibliotecas surge como resposta a essas demandas, seja para lidar com um volume crescente de informação, novas mídias ou mudanças no comportamento do usuário. Portanto, vamos assistir ao longo dos tempos essas manifestações nas bibliotecas, que vai se adaptando a cada período histórico, na medida em que novos desafios e novos instrumentos são necessários. 

Na Idade Antiga e Média o foco da inovação era a preservação e o acesso físico limitado ao acervo (apenas a elite usufruia). A substituição de tábuas de argila por papiros e, depois, por códices (livros com páginas) melhorou a portabilidade e a durabilidade do conhecimento. Uma grande inovação para a época. Com o desenvolvimento de sistemas de organização e catalogação, mesmo ainda incipientes, foi possível gerenciar o acervo, conforme aconteceu a partir das listas da Biblioteca de Alexandria, inovação crucial para a recuperação da informação naquele período.

Com o advento da imprensa de Gutenberg e logo depois dela (Séculos XV - XIX),  o volume de livros explodiu, e a demanda por acesso se ampliou. O desafio agora era lidar com grandes volumes e compreender o conceito de acesso público. Daí surgiu a necessidade do desenvolvimento de sistemas de classificação mais robustos (como o sistema de Dewey ou a Classificação da Biblioteca do Congresso), para organizar milhões de itens de forma padronizada. Foi uma inovação social e de serviço fundamental, democratizando e disponibilizando o acesso do serviço de empréstimo ao público.

Mais adiante, na Era da Informática (Segunda Metade do Século XX) chega o computador e as tecnologias de processamento de dados para transformar os processos internos das bibliotecas com a automação. Com a necessidade de agilidade na catalogação, circulação e recuperação de informações em grandes acervos. Eessa automação veio facilitar a rotina dos processos bibliotecários, criando catálogos online e usando sistemas integrados de gerenciamento de bibliotecas, para substituir os antigos fichários e processos manuais.

E com a Era Digital (Século XXI), a Biblioteca passou a ser híbrida e se caracteriza como centro comunitário. A internet e a tecnologia móvel forçaram a biblioteca a expandir-se para o ambiente virtual e a repensar seu espaço físico. A Inovação, então, passou a ser o acesso ubíquo (em qualquer lugar e a qualquer hora), criar espaços colaborativos e competir com a informação livre (e muitas vezes não verificada) da web.

Acervos digitais e híbridos, tais como e-books, bases de dados e a digitalização de acervos raros, permite agora acesso simultâneo e remoto. E com a tecnologia de RFID (identificação por radiofrequência) para autoatendimento no empréstimo e devolução, liberando o bibliotecário para atividades mais consultivas.

Surgiram os espaços criativos, os makerspaces, que transformam o espaço físico em centros comunitários e laboratórios de criação (com impressoras 3D, equipamentos de mídia, etc.), estimulando a aprendizagem ativa e a colaboração. Também o oferecimento de referências e capacitações virtuais, além de aulas, contações de histórias online, lives, entrevistas, podcasts, etc.

A inovação, portanto, não é sobre seguir cegamente a tecnologia, mas sobre responder inteligentemente às necessidades da comunidade, utilizando os recursos disponíveis em seu tempo, mantendo o foco no acesso, na equidade e na promoção do conhecimento.

quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Livro: odisseia do conhecimento e da emoção

Hoje, Dia Nacional do Livro, celebramos não apenas um objeto, mas um portal inesgotável para mundos, ideias e sabedorias. A história do livro é uma jornada fascinante que acompanha a própria evolução da civilização humana, começando muito antes do papel.


​Desde os primórdios, a necessidade de registrar e transmitir o conhecimento impulsionou a criação de suportes variados. Começamos com as tabuletas de argila dos sumérios, passando pelos rolos de papiro dos egípcios, que nos deram a raiz da palavra latina liber (livro), e alcançamos os resistentes pergaminhos em formato de códex, o antecessor direto do livro que conhecemos. No século XV, a invenção da prensa de tipos móveis por Gutenberg causou uma revolução, democratizando o saber e transformando o livro em um agente central da disseminação cultural e científica.

​Saltando séculos, o livro testemunha agora uma nova e acelerada onda de transformações em formato. A atualidade aponta, inegavelmente, para a expansão do digital. E-readers, audiobooks e plataformas interativas trazem leituras mais acessíveis, customizáveis e que se integram à nossa vida conectada do cotidiano. Assistimos a sua expansão, quando ganhou novas texturas virtuais, recursos multimídia e a capacidade de ser transportado em massa em um único dispositivo.

​No entanto, é fundamental manter a perspectiva de que a inovação não é sinônimo de aniquilação. A despeito do avanço digital, o livro físico na sua concepção atual resistirá ao tempo, porque ele transcende o mero recipiente de informação. O livro impresso carrega um valor sensorial e emocional insubstituível. 

O cheiro da tinta nova ou do papel envelhecido, o ato tátil de virar uma página, a satisfação de ver uma estante repleta de lombadas que contam a história de uma vida, tudo isso cria um apego pessoal que nenhuma tecnologia conseguirá replicar integralmente. Tenho a certeza de que muitos leitores têm essa percepção e sentimento, haja vista os depoimentos que dão no balcão de biblioteca.

​O livro físico é um refúgio da constante luminosidade das telas, um descanso para os olhos. Podemos considerá-lo um objeto de valor colecionável e ainda uma peça de decoração, que expressa a alma do leitor. Ele não desaparecerá, ele coexistirá. O futuro continuará, portanto, híbrido, talvez ainda trazendo outras formas a serem criadas pela homem, as quais ainda não conhecemos. Portanto, a praticidade do digital e a profunda conexão afetiva do físico se complementarão, garantindo que o legado milenar da leitura continue firme em nossas mãos e corações.

sábado, 25 de outubro de 2025

Uma semana de comemoração

A Semana de 23 a 29 de outubro é definida pelo Decreto Federal 84.631/1980 como a Semana Nacional do Livro e da Biblioteca, sendo no dia 29 comemorado o Dia Nacional do Livro.

Conforme o artigo 2°, os festejos devem ocorrer em todo o território nacional. As instituições educacionais, principalmente as bibliotecas, cumprem rigorosamente essa lei, criando projetos e ações envolvendo o livro, a leitura, o conhecimento.

É uma oportunidade para evidenciar a instituição biblioteca, cuja missão de disponibilizar o conhecimento para a sociedade é milenar, como também o livro, meio universal condutor de saberes de geração em geração.

Na Biblioteca Francisco Freitas Cordeiro da Faculdade CDL, onde atuo como bibliotecária, não é diferente. Temos realizado esse evento comemorativo desde 2009, sempre com uma temática diferente, mas sempre alusiva ao livro, à leitura, ao conhecimento. 

Neste ano, o projeto "Biblioteca: saber vivo em movimento!", deu nome à semana, que leva cards de conhecimento aos alunos e oferece a oportunidade de responder a um quiz, para ser contemplado com pontos em atividade complementar.

Arte da bibliotecária Camila Costa Freitas

O principal de tudo isso, além da comemoração, é envolver os alunos com a atividade, fazendo com que tenham o saber vivo e em movimento, cumprindo a missão da biblioteca.

segunda-feira, 20 de outubro de 2025

O Arquivista e seus títulos

Preservadores da memória institucional, social e cultural, Curador de Acervos Documentais​, Guardião da Informação Histórica, Profissional da InformaçãoEspecialista em Tratamento Documental, Organizador de Registros Históricos, Gestor de Acervos, Guardião da Memória, ​Mestre dos Registros Documentais, Gestor da Verdade Histórica, ​Condutor da Gestão Documental, Vigilante do Patrimônio Documental, Construtor da História, ​Zelador do Saber Institucional, Organista da Informação, Orquestrador do Tempo, Arquiteto da Classificação Arquivística, Regente da Ordem Documental, Farol da Pesquisa, Especialista em Gestão e Preservação Documental. Esses títulos são exemplos do que representa a atividade do Arquivista.

Sua missão é nobre: garantir que cada documento, seja ele público, privado, digital ou físico, receba o tratamento técnico necessário para sua organização, preservação, conservação e acesso a longo prazo. É o arquivista que, com rigor e metodologia, assegura a autenticidade e a integridade da informação contida nos documentos, transformando registros em fontes de história, prova e conhecimento.

A dedicação desses profissionais que trabalham silenciosamente, muitas vezes na retaguarda, sem visibilidade, é a garantia para que as futuras gerações possam entender o passado e construir um futuro com base em fatos e direitos.

É importante que empresas, instituições, escolas, universidades e tantas outras organizações entendam e valorizem o trabalho do arquivista, pois sem ele tem-se o caos documental, que compromete a tomada de decisão e o próprio andamento das atividades.

Parabéns ao arquivista pelo seu dia, por ser o elo fundamental entre o registro e os fatos, entre o registro e as decisões, entre o registro e a história, que se consolida.

terça-feira, 14 de outubro de 2025

Normalizar para depois normatizar


14 de outubro é o Dia Mundial da NormalizaçãoJá pensou em um mundo sem normas? Seria um caos generalizado.

Um mundo sem normas de padronização seria caótico e ineficiente, com o colapso do comércio, da tecnologia e da segurança e tanto outros segmentos de demandas da sociedade. Sem padronização, o transporte seria prejudicado, a internet e sistemas de comunicação falhariam, a qualidade dos produtos e serviços seria inconsistente, além do aumento dos custos que seria generalizado devido às ineficiências, aos retrabalhos e à falta de controle. A vida cotidiana seria afetada pela impossibilidade de compatibilidade de produtos e pela falta de segurança. Imaginem como seria a vida sem as sinalizações padronizadas, sem os acessos para pessoas com deficiência, uma verdadeira confusão e insegurança.

A seguir trago alguns exemplos dos segmentos já falados acima, de como seria o mundo sem padronização.

Transporte: A comunicação e o controle do trânsito de carros, do tráfego aéreo seriam impossíveis, e tanto o comércio nacional como o comércio internacional seriam severamente afetados sem as regras que os definissem.

Tecnologia: A internet e sistemas de comunicação (bancos, serviços médicos, indústrias, etc.) parariam de funcionar, pois não haveria compatibilidade entre diferentes tecnologias.

Economia: O aumento de custos seria generalizado devido às inconsistências, aos retrabalhos que fatalmente teriam que ocorrer, à necessidade de adaptações constantes e à falta de controle sobre os processos.

Qualidade: A qualidade de produtos e serviços seria altamente variável, dependendo do produtor ou prestador de serviço, levando à insatisfação do cliente e à perda de vendas.

Segurança e acessibilidade: A falta de normas de segurança no trabalho aumentaria acidentes e lesões, enquanto a falta de padronização em acessos dificultaria a mobilidade de pessoas com deficiência.

Controle e gestão: Seria extremamente difícil identificar e corrigir problemas, delegar tarefas e garantir que os colaboradores soubessem o que fazer, levando à desmotivação e à falta de produtividade.

Na academia/ciência: teríamos dificuldade com a falta de um padrão para formatação de trabalhos acadêmicos, pois tornaria a leitura e a comparação de pesquisas muito mais difíceis e subjetivas. A credibilidade desses trabalhos seria comprometida, dificultando a atribuição correta de direitos autorais e a identificação de plágio. Também ocorreria desorganização com a falta de um padrão de organização de conteúdo, dificultando o aprimoramento das habilidades de escrita e a recuperação de informações.

A entidade brasileira encarregada da normalização técnica é a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), uma organização privada sem fins lucrativos reconhecida pelo governo. Ela é responsável pela elaboração das Normas Brasileiras (ABNT NBR) e atua como o Foro Nacional de Normalização.


Trazendo alguns trechos do site da ABNT, temos os conceitos a seguir em relação à normalização e à norma.
Atividade que estabelece, em relação a problemas existentes ou potenciais, prescrições destinadas à utilização comum e repetitiva com vistas à obtenção do grau ótimo de ordem em um dado contexto. Consiste, em particular, na elaboração, difusão e implementação das Normas.

A normalização é, assim, o processo de formulação e aplicação de regras para a solução ou prevenção de problemas, com a cooperação de todos os interessados, e, em particular, para a promoção da economia global. No estabelecimento dessas regras recorre-se à tecnologia como o instrumento para estabelecer, de forma objetiva e neutra, as condições que possibilitem que o produto, projeto, processo, sistema, pessoa, bem ou serviço atendam às finalidades a que se destinam, sem se esquecer dos aspectos de segurança.

Norma é o documento estabelecido por consenso e aprovado por um organismo reconhecido, que fornece regras, diretrizes ou características mínimas para atividades ou para seus resultados, visando à obtenção de um grau ótimo de ordenação em um dado contexto. 
Portanto, voltando ao título que parece um trocadilho, primeiro normalizar, para depois normatizar, ou seja, aplicar as normas estabelecidas.

quinta-feira, 9 de outubro de 2025

A Narrativa dos documentos antigos

Os documentos antigos são muito mais do que meros registros burocráticos do passado, eles são cápsulas do tempo, guardando a essência e a história de vidas e fatos que nos precederam.

Viagem no tempo

Ter a possibilidade de acessar um documento como essa carteira de identidade de alguém que nasceu em 1886 é realizar uma viagem instantânea a um período passado, transportando-nos para o Brasil do fim do século XIX, período ainda anterior à Abolição da Escravatura e à Proclamação da República no Brasil.



Apesar de a carteira ter sido emitida já no século XX, na década de 40, não deixa de ser curiosa. Cada marca existente, o tipo de papel, a caligrafia utilizada ou até mesmo o desgaste natural do tempo em uma peça como essa carteira, evoca não apenas a memória de um indivíduo, mas também o contexto social, político e tecnológico da sua época, quando o Brasil ainda era Estados Unidos do Brasil. O próprio estilo e o formato do documento refletem as normas de identificação de então, que eram muito diferentes das que conhecemos hoje. Apesar dos avanços tecnológicos, eu diria até que essa carteira é mais requintada e elegante do que o modelo de hoje.

A titular da carteira

No caso, a titular da carteira é uma tia minha, irmã do meu avó materno, que viveu bem mais que ele, a Tia Melinha, assim chamada pela minha mãe e seus irmãos. Todos da minha geração, eu e meus primos, passamos também a adotar essa forma carinhosa, inclusive, dizem que pareço muito com ela. 

Minha tia foi mulher empreendedora, proprietária de hotel em cidade de águas termais, no interior de Pernambuco, que para o contexto da época era um feito muito avançado. Em visitas a Recife, ela já idosa, tive a oportunidade de ouvir suas histórias.

O Legado de nossos ancestrais

Ao olhar atentamente para os dados inscritos no interior da carteira, reside a memória pessoal dela, o nome, a data de nascimento e, claro, a fotografia, vemos a vida de um ancestral que se materializa. De repente, não estamos apenas lendo um registro, mas sim conhecendo sinais de uma existência. Daí vêm as indagações e curiosidades: Como era viver nessas décadas? Como era o seu dia a dia? Quais os acontecimentos da época? Quais eram os desafios de ser uma cidadã, primeiro do Brasil Imperial, depois da Primeira República?

O material da capa, uma espécie de couro, ainda muito bem conservada, o estilo da tipografia, as letras douradas e o aspecto das fotografias, uma frontal e outra de perfil (esta já bem apagada) são pistas visuais que ajudam a nos transportar para a época.

Esse documento conta parte da história da minha linhagem familiar. Ele é a prova física da jornada de um dos meus antepassados, revelando as etapas que pavimentaram e fizeram parte do meu presente. Ao preservar e estudar essas relíquias, honramos não apenas as memórias individuais, mas também a grande narrativa coletiva das nossas famílias e da sociedade em que as pessoas viveram.

O Sistema Vucetich

Além de o documento ser uma prova material da vida de um ancestral, carrega uma narrativa maior sobre o desenvolvimento da ciência forense e da cidadania no país. É um portal que nos leva diretamente à história de como o Brasil começou a identificar seus cidadãos.

Analisando a capa da Carteira de Identidade e pesquisando sobre a inscrição "Gabinete de Identificação (Sistema Vucetich)", passei a conhecer sobre o Sistema Datiloscópico de Vucetich, criado por Juan Vucetich Kovacevich e adotado oficialmente no Brasil em 1903.

Um documento como este nos convida a ir além da simples data de nascimento ou nome do portador. Ele nos força a fazer a leitura e refletir sobre o contexto de sua emissão, entendendo o que era necessário para um indivíduo ser reconhecido oficialmente.

Essa menção ao Sistema Vucetich é a parte mais fascinante. O ano de 1886, ano do nascimento da minha tia, é significativo, pois antecede a adoção oficial desse método no Brasil, que se deu em 1903 no Rio de Janeiro. Isso nos mostra:
  • Pioneirismo científico: Essa carteira pertence a uma fase em que o Brasil estava se modernizando, abandonando métodos rudimentares de identificação (como o "assinalamento sucinto" ou o Bertillonage) e adotando a Datiloscopia (identificação por impressões digitais), desenvolvida por Juan Vucetich. Essa ciência permitiu, pela primeira vez na história, uma forma precisa e inequívoca de individualizar cada pessoa;
  • A Era das impressões digitais: O documento é um testemunho da transição para um sistema onde a identidade de um cidadão passou a ser gravada nos sulcos de seus próprios dedos. Ele simboliza a busca por ordem e segurança em um país que crescia e precisava registrar de forma permanente sua população.

Pernambuco

A inscrição "Secretaria da Segurança Pública" e o brasão de "Brasil Pernambuco" fixam a identidade do portador dentro de um contexto regional específico. O Gabinete de Identificação de Pernambuco é, na verdade, o antecessor do atual Instituto de Identificação Tavares Buril (IITB), que foi criado em 1909. Pernambuco, estado de nascimento da minha tia, foi a quarta unidade da federação a adotar a datiloscopia como sistema de identificação.

Olhar arquivístico

Se atentarmos com o olhar arquivístico identificamos os princípios da proveniência e da organicidade na relação dessa carteira com os demais itens do fundo arquivístico da família Cavalcanti. Considerando os apectos históricos e sociais externos, o documento é, portanto, um elo tangível com as instituições que moldaram a vida cívica e, muitas vezes, criminal do estado. 

Em uma análise mais territorial, ele evoca a atmosfera da época, os edifícios e os funcionários que trabalhavam para registrar e catalogar a população em um período de profundas mudanças sociais e urbanas.

Documentos arquivísticos pessoais servem para comprovar a existência, direitos e ações de um indivíduo, além de possuírem um grande valor para a memória, pois contam a história pessoal e familiar, que pode ser compartilhada com gerações futuras.

Registro para a posteridade

Guardar essa carteira não é apenas guardar um objeto, é preservar uma narrativa em três níveis: a história da sua família, a história do Estado de Pernambuco e a história da ciência de identificação no Brasil.

Mais do que trazer informações, portanto, um documento dessa época é uma evidência que nos convida a sermos guardiões da história, assegurando que as vozes e as experiências dos que vieram antes de nós nunca sejam esquecidas.

domingo, 28 de setembro de 2025

Simplificando a inteligência artificial

Cursando MBA de IA / RPA pela Escola GDI / Anhaguera e atentando para as indicações bibliográficas da Profa. Bárbara Coelho, adquiri essa publicação, que além de trazer os conceitos de forma bem didática e ilustrativa, aponta aplicações da inteligência artificial, tudo isso em uma encadernação impecável.

Mãos à obra para a leitura!

Extrai esses dois trechos que achei interessante, tendo em vista a aplicação correta, o cuidado e o controle no uso da IA:
"Assim como a computação, a IA se tornou uma tecnologia de aplicação geral con utilidade em campos variados, desde as belas-artes ao design de armamentos de alta tecnologia. É mais eficiente quando usada como ferramenta para ajudar (em vez de substituir) os especialistas humanos e quando precisa lidar com  quantidades enormes de dados, como ocorre com a Internet das Coisas (IdC)." p. 91.

"Quando uma IA estiver além da influência humana, seu comportamento será imprevisível." p. 149.

SIMPLES: inteligência artificial. Consultoria: Hilary Lambert e Joel Levy. Colaboração: Claire Quigley. Rio de Janeiro: Globo Livros, 2023.


quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Estantes cheias e mentes vazias

Essa postagem foi motivada pela postagem de Raphael Vassão Nunes Rodrigues, no LinkedIn, em que fiz esse comentário e resolvi desenvolvê-lo mais, para divulgar aqui em Leitura e contexto.

Realmente é uma tristeza, estantes cheias e mentes vazias. O livro perde sua essência, de ser uma janela para outros mundos, um companheiro silencioso ou um mestre paciente. Ele se torna um mero objeto inanimado, um item de design, enquanto as histórias, os saberes e as ideias que ele guarda permanecem intocados, esquecidos dentro de uma bela capa. É uma tendência que, no fundo, esvazia o propósito fundamental do livro e celebra a aparência em detrimento da substância.

Isso porque fiquei pensando no foco do texto dele, nessas pessoas que possuem uma estante cheia de belíssimos livros, com capas artisticamente enfeitadas, verdadeiras obras de artes, mas, infelizmente, são apenas itens decorativos. Essas pessoas não têm a preocupação, nem interesse, nem incentivo, nem vontade de lê-los, A finalidade é tão somente mostrar uma falsa intelectualidade e riqueza material.


Esta situação se desvincula-se do real propósito da leitura. A estante de livros se torna, então, mais um item de decoração, um objeto para ostentar riqueza material e claro, uma falsa intelectualidade, sem o genuíno interesse pelo conhecimento que cada obra pode oferecer.

Essa tendência, que prioriza a aparência em detrimento do conteúdo, pode ser vista como um reflexo de uma sociedade que valoriza a imagem e a superficialidade. Ao invés de se aprofundar nas ideias e reflexões que os livros oferecem, a pessoa se satisfaz com a simples posse, usando as lombadas coloridas como uma espécie de troféu vazio. A intelectualidade se torna uma performance, e a leitura, um acessório.

Com a ausência de uma verdadeira conexão junto ao que está escrito, o livro deixa de ser um portal para novas realidades e se torna apenas um símbolo de status, empilhando-se em prateleiras como peças de mobiliário. 

Em um mundo onde o acesso à informação é cada vez mais fácil, a posse física de livros é uma forma de diferenciar-se, de criar uma aura de cultura que muitas vezes não corresponde à realidade. Essa atitude pode acabar por esvaziar o significado da leitura, transformando uma atividade de enriquecimento pessoal em uma mera ferramenta de autopromoção.

Que o livro saia das estantes, que passe de mão em mão, que leve informação, conhecimento e lazer, que cumpra de fato a sua missão! Uma vez existindo em um lar, que seja objeto de desejo para leitura.

segunda-feira, 22 de setembro de 2025

Niver 66

Entrei em uma nova versão, que seja um ano de bênçãos como tem sido até hoje. Agora sou 66, com a data, muitas felicitações. Na foto, um mimo da Mrh.


No cartão, as felicitações dos colegas da Faculdade CDL.


sábado, 13 de setembro de 2025

A Riqueza das ruas

"As ruas são como arquivos, verdadeiras bibliotecas da história que pesquiso, escrevi e pela qual sou apaixonado. [...]"

Essa frase me chamou a atenção e foi a razão para eu adquirir o livro. É que trabalho com arquivo e biblioteca e essa visão do autor, fazendo essa analogia, caiu como uma luva para valorizar essas duas instituições.

Passei a conhecer o autor a partir de então, e sendo ele historiador, com certeza é pesquisador assíduo em arquivos e bibliotecas, aí vai minha admiração.

Em O Corpo encantado das ruas, de Luiz Antonio Simas, Editora Civilização Brasileira, vemos diversos sujeitos vivendo, atuando, preenchendo, colorindo e até modificando esses espaços.  

É o retrato das ruas do Rio de Janeiro na sua efervescência, cheias de vida, porque os atores ali estão e o convite para usarmos mais as ruas, não só como passagem, mas para ocuparmos esses espaços cheios de costumes e cultura, protegidos pelos entidades que já existiram, os ancestrais.

E, como o próprio autor coloca na frase que destaco acima, as ruas podem ser, na verdade são, verdadeiros arquivos, bibliotecas vivas, pois cada personagem é elemento que as compõem são itens informacionais. Daí eu acrescento à fala do autor que também são como museus, museus a céu aberto. Isto porque nas ruas estão também peças imóveis, pessoas que habitam sempre os mesmos pontoos e ficam vendo o movimento, vendo o tempo passar, mas sempre muito bem contextualizadas no cenário.

Comprei, chegou e já comecei a ler.